sexta-feira, 29 de abril de 2016

Análise não-verbal: Ator José de Abreu falando sobre o incidente em restaurante em São Paulo.



No dia 22/04/2016, o ator José de Abreu foi flagrado cuspindo num casal em um restaurante japonês de São Paulo.
No dia 24, o ator falou sobre o ocorrido para o programa "Pânico na Band".

Vamos à análise:

00:07 - Ao responder a primeira pergunta, o ator está em posição defensiva, com os braços cruzados.

00:10 - No momento em que ele fala que foi agredido sem ter feito absolutamente nada, ele realiza um gesto apaziguador.
Note que ele esfrega o braço direito com a mão esquerda. Desejo de se acalmar.

0:14 a 0:16 - "Me chama de ladrão, safado, sem motivo nenhum".
Ao falar "sem motivo nenhum" há um gesto mecânico de negação com a cabeça (o ritmo da negação com a cabeça é diferente do ritmo da fala) e ele sobe o ombro direito. Essa combinação denota incerteza. Não confia no que está dizendo.


0:22 - Reparem no sorriso de sua mulher
Esse sorriso é chamado de Duping Delight (prazer profundo). É um sorriso que mistura desprezo (puxão no lado direito do rosto), juntamente com uma satisfação (levantamento das bochechas).



0:23 - O ator realiza uma contração dos lábios conhecido como "gesto do U invertido". Esse gesto tem vários significados, que variam de acordo com o grupo gestual.
Perceba que os ombros sobem: sinal clássico de incerteza. Quando temos a combinação desses dois gestos (U invertido com os lábios e estirão de ombro - os ombros sobem), geralmente significa "eu não sei", porém a sobrancelha esquerda sobe, demonstrando que o gesto não é sincero, há uma incongruência.
Observe que o ator se volta para a câmera para realizar o grupo gestual. Desejo de convencer.

0:25 a 0:29 - "Fiquei muito ofendido".
A voz muda, ficando um pouco mais aguda e mais rouca, denotando incerteza.
Seu corpo se movimenta para trás e de forma descoordenada. Desejo de fuga.


0:36 - "Fiz uma vez Lei Rouanet na minha vida".
Sua mão demonstra o contrário. Mostra o número dois. Mostra que ele usou a Lei Rouanet no mínimo, duas vezes.
Existe também mudança no discurso, pois no vídeo em que houve o cuspe, ele diz que nunca precisou da Lei Rouanet.
Sua esposa contrai os lábios para dentro demonstrando a supressão de alguma emoção.

0:41 a 0:57 - "Quem não ficaria ofendida de ser chamada de vagabunda?"
Considerando o contexto, não devemos prestar atenção no que está no vídeo, e sim o que não está.
Quando somos xingados, mostramos emoções em resposta à ofensa. Geralmente é tristeza e raiva. Considerando esposa do ator, podemos ver que não existe essa emoção nem em seu corpo e nem em sua face. Ela não demonstra que se sente ofendida.

1:19 - "Eu sou da paz".
Seu corpo se movimenta de forma descoordenada. A negação com a cabeça está em ritmo diferente da fala, seus ombros sobem também em um ritmo diferente


1:41 - Os ombros sobem, neste contexto denota defensividade, pois ele protege o pescoço, que é uma das regiões mais vitais que temos no corpo. Desejo de se proteger. Incongruente


1:46 - Quando diz que não usa a Lei Rouanet, há uma gesto de incerteza. Sobe mais ainda os dois ombros. Passa a mensagem não verbal de "eu não sei do que estou falando"

1;48 - "A Lei Rouanet não te dá nenhum tostão".
Nega e logo após afirma com a cabeça. Gesto de manipulação

2:01 - Quando diz que cuspir foi a única alternativa, há uma incongruência. Afirma com as palavras mas nega com a cabeça.

2:13 - Expressão de nojo (enrugamento do nariz). Verdade

2:21 a 2:30 - Nesse momento há uma mistura de verdade e mentira.
Mãos espalmadas denotam sinceridade. Porém sua gesticulação está muito exagerada, o que não é o padrão do ator de gesticular. Isso denota um desejo de convencer, atraindo atenção, não para o que fala, e sim para sua gesticulação.
É verdade que ele voltou do Japão e estava bem, porém ele não foi ao restaurante somente para conversar com os japoneses.
Em outras palavras, ele foi lá para comer, conversar sobre a viagem, mas existe uma certa manipulação a respeito do ocorrido.

2:31 - "Eles já estavam me provocando mas eu não ouvia".
Mão em ritmo diferente da fala. Os ombros sobem.
A mão não está espalmada em seu peito. Ele não se refere a si com plena sinceridade.

2:36 - Quando o ator afirma. sem dúvida, que a discussão partiu do outro casal, ele sobe os dois ombros. Gesto clássico de incerteza.

2:43 a 2:46 - Ele é sincero no momento que reproduz o que lhe foi dito.

2:52  - "Eu não trabalho para o governo".
Os ombros sobem, denotando incerteza. Não está sendo totalmente sincero.

3:17 a 3:19 - Congruência entre o verbal e o não verbal.
Está sendo sincero quando diz que não houve conversa amistosa.

3:36 - Não termina a resposta. Desejo de não falar mais. Encerrar a conversa.

Conclusão: Durante todo o vídeo ele não demonstra que se sentiu injustiça

terça-feira, 26 de abril de 2016

Análise Não-Verbal: A cantora Joelma fala sobre sua separação



No final de 2015, meses após a separação, Joelma fala pela primeira vez ao programa "Fantástico" sobre o ocorrido.
O que faz dessa análise algo interessante é o fato da cantora misturar verdade e mentira em um mesmo discurso.
Alguns sinais comprovam que ela realmente foi agredida pelo ex marido, porém há um desejo de vingança por parte dela em relação a tal separação

A análise se refere apenas a alguns pontos interessantes, para estudo, da entrevista


Vamos à análise:

0:07 a 0:11 – “Não foram uma traição. Foram várias traições”. Nesse momento ele executa um gesto de cabeça com inclinações rápidas de um lado para outro. De acordo com o antropólogo Desmond Morris esse gesto significa incerteza. 

0:13– “Eu perdoei muitas vezes”. Ela faz um movimento ocular para cima e direita. Esse movimento está associado a criação de imagens.
Ela não perdoou de fato. Apenas criou em sua mente a hipótese de ter perdoado.

0:14 – Note as mãos. Gesto conhecido como "Pistola". Demonstra agressividade ao falar do ex-marido.
Seus olhos se voltam para baixo e direita, significando um desejo de isolamento, de entrar em contato consigo mesma.

0:19 a 0:29 – Gesto de enumeração com a cabeça. Cada enumeração das vezes em que perdoou é marcada com uma inclinação diferente de cabeça. Isso chama-se, posições perceptuais.
Nesse contexto, houve uma espécie de "verdade técnica", ou seja, a cada enumeração ela diz o que as mulheres comumente fazem, que é perdoar. Não necessariamente ela fez o mesmo, mas é o que geralmente acontece na sociedade.
Ela pegou uma situação corriqueira e adaptou à sua realidade.

0:31 – Microexpressão de medo e desejo de afastar do ocorrido. Há também uma tristeza nos olhos.
Essa combinação de emoções demonstra que ela sabe quem não tem mais jeito de manter seu casamento. Não há mais futuro para esse relacionamento.

0:33 – “Quando isso começou a afetar os MEUS filhos, né?”. A entonação para se referir aos filhos demonstra uma possessividade em relação a eles.
A expressão "né?" no fim da frase, é um recurso usado para certificar que a outra pessoa está acreditando no que está sendo contado. Em alguns casos pode ser usado para certificar uma mentira ou um exagero na narração

0:35 - Ao falar do filho em meio à briga, ela demonstra vergonha através do seu movimento ocular para baixo.
Quando alguém demonstra vergonha ao narrar um fato desse tipo, estará associado a verdade, porém muitas vezes junto com essa verdade há momentos criados, exagerados.


0:38 e 0:39 (mistura 1) - Nesse momento, o gesto é bem sutil e deve ser observado com muito cuidado.
No instante em que ela fala "quando meu filho teve que se meter entre eu e ele pra ele não me bater", reparem na movimentação do braço direito da cantora
Quando ela sinaliza "entre eu e ele", o momento do "eu" é para fora (o que, deveria se referir a "ele") e no momento do "ele", o gesto é para dentro (o que, deveria se referir ao "eu"). Essa troca de posição na enumeração, com as mãos é considerado uma incongruência e está relacionado há uma possível mentira.
O movimento sendo feito lateralmente demonstra uma dissociação ao fato.

0:40 - Sinaliza sim com a cabeça. Confirma que realmente sofreu agressão (verdade). Devido a análise acima, demonstra que o filho não se meteu a frente dos dois (mentira).

0:42 - Ao afirmar "Aí eu disse: chegou o ponto final", Joelma realiza um gesto com as mãos chamado de "Pinçamento" (junta-se a ponta do dedo indicador com a ponta do dedo polegar). Indica que ela está detalhando algo, sendo exata. Junto com esse gesto ela nega com a cabeça
Podemos concluir que ela realmente decidiu que essa agressão seria o ponto final, porém ela nega o fato do filho ter entrado na frente dos dois enquanto ela estava sendo agredida.

0:47 - “Ele já tinha me agredido antes”. Fala a verdade. Afirma com a cabeça e com as palavras. Há congruência.
Porém há um balanço na cadeira de um lado para outro, indicando ansiedade

0:50 - Antes mesmo da reporter terminar sua pergunta ("Como foi isso?"), Joelma já estava respondendo. Isso demonstra uma resposta ensaiada.
Existe um tempo mínimo relativo para que o cérebro processe a pergunta antes de responder. Quando esse tempo não é respeitado, existe uma fortíssima probabilidade de que a resposta é ensaiada.
O fato de ter apanhado não é ensaiado, mas sim os argumentos que ela vai usar

0:52- Novamente seu movimento ocular demonstra vergonha (verdade)

0:54 a 0:58 - "Eu tive que passar três dias tranca num quarto de um..... hotel até meu rosto voltar ao normal, entendeu?"
No trecho citado, note o aumento das piscadelas (aumento do processo cognitivo). É uma forma do cérebro criar alguma fala. Ele está em processamento neste momento.
Logo após o aumento das piscadas, há um movimento ocular para cima e esquerda. De acordo com a doutrina de PNL, o direcionamento ocular nesse sentido está relacionado à memoria. A pessoa está relembrando algo. Nesse caso, portanto, é diferente. As piscadas aceleradas juntamente com a hesitação demonstra que esse movimento ocular está ligado a uma lembrança criada. Ela está lembrando de algo ensaiado, portanto, está a buscar em sua memória algo mais convincente, algo que tenha criado antes
No momento em que ela fala "...até meu rosto voltar ao normal, entendeu?", é feito um gesto congruente com as mãos ao mesmo tempo que sinaliza "sim" com a cabeça. O gesto com as mãos e o gesto de "sim" com a cabeça, apesar de serem congruentes, são feitos de forma mecânica (em uma intensidade diferente da intensidade vocal). Isso indica que há uma verdade, porém também há uma manipulação, um exagero. O "entendeu?" no fim da frase certifica essa manipulação. Uma pergunta interrogativa em meio a uma afirmação é um desejo inconsciente de que a outra pessoa acredite no que está sendo dito

0:59 a 1:02 - Joelma responde a pergunta da entrevistadora: "Ciúmes, entendeu?"
Exibe uma expressão facial de impaciência. O "entendeu?" no final é tido como uma manipulação

1:03 a 1:13 - "E depois de 3 anos ele tentou me jogar no segundo andar de uma casa aqui de Recife, aonde a banda estava... alojada"
No começo da sentença, ela tem um aumento repentino das piscadelas. Mais uma vez o cérebro aumento sua atividade, seu processo cognitivo

No momento em que ela fala que quase foi jogada do segundo andar, há uma inclinação de cabeça para a esquerda. Essa inclinação é racional e está ligada a dissociação

Nesse momento olha para cima e esquerda ao citar a casa daonde foi quase jogada.
O movimento ocular para esse sentido está ligado a criação mental de imagens, situações.
Quando os olhos se movem nesse sentido, o cérebro está a criar e não a lembrar.
E podemos reparar que a sobrancelha direita está mais levantada em relação à esquerda. Essa assimetria indica dúvida.

Em 1:13 Quando ela cita que a banda estava alojada, ela realiza um movimento ocular relacionado a vergonha e um gesto de "sim" com a cabeça, porém há também uma pausa desnecessária em seu argumento e um aumento do número de piscadas
A combinação desses 2 gestos ligados a verdade ("sim" com a cabeça e vergonha) e dos 2 gestos de possível mentira (pausa desnecessária e aumento das piscadas) indica uma mistura entre verdade e mentira. Provavelmente, a banda em algum momento presenciou a briga dos dois, mas a situação foi criada

1:17 - Quando Joelma responde que não denunciou antes devido a vergonha, ela é completamente sincera.
O sorriso dado por ela é congruente à emoção de vergonha. Quando estamos presenciando essa emoção é normal sorrirmos como uma forma do organismo liberar essa emoção

1:22 - Expressão de nojo ao falar que não gosta de se sentir exposta desta forma. Congruência
Ela realmente não denunciou pela família e sente muita vergonha e nojo pelo que sofreu


SUMÁRIO: Apesar de haver alguns momentos de exagero no discurso, Joelma realmente foi agredida

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Análise Não-Verbal: Casal em jogo de futebol


Durante o intervalo de um jogo de futebol, um casal foi pego pela câmera. O que aconteceu entre eles enquanto estavam no foco da cena foi muito interessante e ao mesmo tempo divertido.

Ao longo de todo o vídeo podemos observar a menina em uma posição defensiva: braços cruzados e pernas cruzadas

0:05 - Após falar algo para o menino, ela o olha com um olhar enviesado, demonstrando o desejo de se certificar que o convenceu

No mesmo segundo, milésimos à frente, podemos notar que o menino realiza uma micro expressão de surpresa como reação ao que sua namorada diz

0:08 - Realiza um gesto para tentar se soltar

0:17 - Ela realiza uma combinação entre expressões de satisfação com desprezo. Essa união é conhecida como duping delight (sorriso do enganador). Significa dizer, nesse contexto, que sente satisfação por ter conseguido enganá-lo demonstrando que não o queria junto. Em resumo, foi um jogo da parte dela


00:18 - Um segundo após esse sorriso chamado por Paul Ekman de "Duping Delight" (sorriso do enganador) a menina torce os lábios e olha para o outro lado, passando a intenção de não querer que seu namorado descubra a farsa

0:24 a 0:32 - Ele abaixa a cabeça demonstrando chateação e uma tristeza falsa (falsa porque não há os sinais de uma tristeza real: lábios caídos e parte externa das sobrancelhas também caídas).


SUMÁRIO: A tristeza foi falseada pois ele queria fazê-la se sentir culpada.
A maioria das pessoas tendem a se sentirem culpadas após deixarem alguém, de que gostam, tristes.
Apesar desta emoção falsificada, a menina não caiu no "jogo" do namorado.